segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Carga e descarga

A menininha era precoce, de fato.
Aos dois anos de idade já falava de tudo, com todos, conhecidos e estranhos.
Falava até com quem não podia lhe responder, como as suas bonecas e os animais da casa (o gato odiava ser incomodado por aquela tagarelice, via-se pela carinha do bichinho).
Certa vez ao passar pela sala, enquanto os adultos viam uma película americana ("Kramer versus Kramer"), ficou surpresa com o fato do menininho do filme, em tão tenra idade, falar tão bem o inglês, enquanto o seu irmão bem mais velho tinha uma imensa dificuldade em contar até dez, na língua de Shakespeare.
Era precoce também, nas suas observações.
Na mesma velocidade, que começou a falar, aprendeu a ler.
Fez isso, antes mesmo de entrar para o colégio.
Apenas observando atentamente o contar de histórias da sua mãe, sempre segurando o livrinho de letras grandes, e sendo uma aluna esperta na brincadeira de "escolinha" das irmãs mais velhas.
Claro, que lia juntando palavrinhas, sílabas, de maneira ainda imprecisa, mas com grande compreensão de pequenas frases, como em um "Caminho Suave", sem a cartilha.
Era uma diversão ao passear na velha Variant azul do seu pai, pelo centro da cidade, com dezenas de cartazes e placas de fácil e rápida leitura.
Lia tudo em voz alta, o tempo todo.
Até que, em uma esquina que, por conta de um semáforo mais demorado, o carro teve que fazer um parada maior e ela surpreendeu a todos, com uma pergunta, após a leitura de uma placa de sinalização:
- Papai, é aqui que a gente também carga e dá descarga?

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