quarta-feira, 23 de junho de 2010

Nem titia...

A minha geração viveu a famosa transição demográfica.
De famílias grandes, com muito filhos, bem característicos dos nossos bisavós e avós, passamos a ver um mundo com casais com apenas um rebento ou então sem previsão de estabelecer uma prole.
Em muitos casos, como no meu, sequer um casamento.
Na minha casa, até pouco tempo atrás, morávamos os três irmãos com os nossos pais.
Antes do casamento da minha irmã do meio, o nosso "lar doce lar" era constantemente tomado pelo amor e pelas diferenças dos três filhos adultos de Dona Elenice e Seu Edercides.
Eu tinha o meu quarto (por sinal ainda tenho) e as minhas duas irmãs dividiam outro.
Apesar de muito unidos, a minha mãe presenciava algumas desavenças também (coisa de irmãos).
Os três namoravam, mas nada de falar em casamentos ou então em ter filhos.
E a caçula sempre era alvo de brincadeiras, pois tem o gênio mais forte de todos nós, além de ser muito engraçada também.
Num daqueles dias de discussão por coisa alguma, onde ela discordava da nossa opinião e não queria ceder por nada, a do meio tasca, sem dó nem piedade:
- "Briguenta desse jeito, ninguém vai te querer! Você vai acabar ficando para titia!"
E ela, de maneira direta e bem espirituosa:
- "Pior que nem isso! Se depender de vocês dois, nem titia eu vou ser..."
É, e não é que ela tinha razão mesmo!
Anos se passaram, e ela nem titia é...
Culpa da maturidade demográfica, do século XXI.

A birra

A minha irmãzinha do meio era uma figurinha carimbada (antigo isso, não)!
Era uma criança muito inteligente, engraçada e geniosa.
Falava de tudo, desde a mais tenra idade.
Tinha uma perspicácia incomum à outras, da mesma faixa etária.
Como na rua só tinham meninos, ela me azucrinava, ao querer brincar conosco.
Muitas vezes tínhamos que despistá-la para conseguirmos jogar bola sossegados ou então pegar lebistes nos córregos do nosso bairro.
Desde pequenininha adorava dar escândalos, principalmente quando a sua vontade era contrariada.
Não podia entrar no ônibus da Cometa para São Paulo (onde moravam os nossos avós) que já, aos berros, pedia para o motorista abrir a porta.
Os outros passageiros só a ouviam gritar:
- "Abre, abre, abreeeeee..."
Para aquietá-la o meu pai precisava pedir para que ela ficasse abaixando quando o veículo passava embaixo de alguma ponte para que não batesse a cabeça.
Outro drama era quando a nossa mãe tinha que levá-la para cortar o cabelo.
Tanto que, em um desses ataques coléricos da pequena, foi prometido que o seu cabelo nunca mais seria cortado (durante um bom tempo, a cabeleireira só aparava as pontinhas).
Sempre que alguém saía de casa, ela queria ir junto.
Amava passear (ama até hoje)...
E muitas vezes sobrava para a minha tia, o fardo de levá-la.
Tanto que, num desses dias de tempo carregado, a irmã da minha mãe tentou sair de casa sem ser notada.
Mas, para "variar um pouquinho", foi descoberta pela minha irmãzinha.
Com toda a paciência do mundo, ela explicou para a sobrinha que não daria para levá-la, já que estava com pressa e iria caminhar muito, até um bairro distante.
Depois de muito papo, a tia percebeu que a menina não cederia, então a levou consigo.
Não deu metade do caminho e a pequenininha, já cansada começou a pedir:
- "Me carrega! Me carrega! Me carrega..."
A tia, impaciente, respondia:
- "Não vou te levar no colo, não! Eu disse que era longe e te falei para não vir!"
Diante das negativas, a sobrinha não pensou duas vezes. Começou um escândalo digno de uma novela mexicana e, após vários quarteirões gritando e chamando a atenção de todos na rua, a tia para e resolve acabar com aquela cena:
- "Tá bom! Então vem no meu colo!"
Mas, a pequenininha dá dois passinhos para trás e sentencia, apontando o dedinho:
- "De jeito nenhum! A senhora vai ter que voltar e me carregar do lugar que eu pedi da primeira vez. Lá atrás!"
Nem precisa dizer que ela teve que continuar caminhando, mas dessa vez puxada pelo bracinho.
E quem poderia imaginar que, hoje, é a mais tranquila dos três irmãos...

Por um "piu"

Uma família pode ser composta por muitos irmãos que, mesmo criados de maneira idêntica, crescem com personalidades e características totalmente distintas.
Naquela casa, não podia ser diferente.
Após cinco anos sendo o centro de todas as atenções, o garotinho teve que aceitar a ideia de dividi-las com a irmãzinha recém-chegada.
Foi uma relação inicial de muita curiosidade, mas depois de algum tempo e tendo a certeza que não mais seria o único a receber brinquedos, doces e carinho, começou a ter o difícil sentimento do ciúme.
Tanto que, no primeiro aniversário dela, a mãe teve que espalhar brinquedos pelas duas camas, cantar parabéns para os dois (a pequeninha não estava nem aí, até curtia tudo) e fingir que também comemorava alguma coisa para o primogênito.
Os parentes até tinham se acostumado com os ataques de choro e birra, quando a irmãzinha recebia mais atenção do que ele.
Mas, independente disso, os dois cresceram muito amigos, brincando sempre unidos, aprontando muito e sofrendo as consequências, também juntos, das suas travessuras.
As brigas eram comuns, mas foram diminuindo com o tempo.
Até que, surge uma nova criaturinha.
Quatro anos mais nova que a irmãzinha, que seria ainda mais mimada e protegida do que os outros dois.
Bonitinha, tranquila, calma e muito meiga.
Todos se encantavam com ela, inclusive os seus dois irmãozinhos maiores.
Com a família morando em uma casa bem pequena, de apenas dois quartos, construída nos fundos do terreno da sogra, se fez necessário comprar uma beliche para acomodar os dois irmãos maiores em um dos quartos, que antes era ocupado apenas pelo mais velho e o berço que estava no quarto dos pais passou a ser da caçulinha.
É claro que, essa obrigação de dividir quase o mesmo pequeno espaço, fez surgirem novas rusgas entre os dois mais velhos.
Brigava-se por quase tudo, mas principalmente pelas preferências distintas, em relação à iluminação do quarto.
O maior, que dormia na parte de cima e tinha a lâmpada bem no seu rosto, queria o quarto apagado.
A do meio, que tinha uma pequena penumbra proporcionada pela presença da cama de cima e tinha muito medo de escuro (dizia que o ambiente totalmente apagado lhe dava "falta de ar"), preferia a lâmpada acesa.
E a caçulinha no quarto dos pais, reclamava que não conseguia dormir devido aquela bagunça dos outros dois.
Chegava a ser engraçado, pois o mais velho descia do beliche e apagava a luz. A irmãzinha esperava ele subir e ia até o interruptor e acendia-a.
O outro descia, apagava novamente e ameaçava a irmã.
Ela esperava um pouco e com ele já na cama de cima, acendia de novo.
E assim a noite avançava, só acabando quando algum dos dois cedia.
Mas, em um desses dias de impasse, sem nenhum deles ceder, começou uma grande bagunça. O pai já cansado resolve intervir.
Vai até o quarto, chama de maneira ríspida a atenção de ambos, e decreta:
- "Se eu ouvir mais um pio nesse quarto, os dois vão dormir quentes (é fácil entender o que é dormir quente)..."
Quando tudo levava a crer que a paz estaria reestabelecida naquele local, ele vira as costas e, antes de sair do quarto, escuta:
- "Piu..."
Gargalhada geral, uma boa surra e a caçulinha, no outro cômodo, de alma lavada pelo corretivo aplicado.
E assim, ficavam ainda mais unidos os três irmãos...

Lógica infantil

O menininho era muito inteligente.
Nos seus quase dois anos, prestava atenção em tudo e aprendia com uma facilidade incrível.
E como toda criança nessa idade, adorava ser o centro das atenções.
Nas palavras simples que já pronunciava, encantava a todos com a sua esperteza e perspicácia.
A mamãe orgulhosa vivia contando às amigas as divertidas "tiradas" do seu filhinho.
Contava também que às vezes o precisava repreender por algumas travessuras.
Mostrava o olhar de reprovação ao vê-lo abrir a porta da geladeira e jogar alguns objetos no chão, quando ele batia com a mãozinha no rosto de alguém que lhe pegasse no colo, ao dar alguma birrinha sem razão, ou então, quando ele chacolhava o gato para chamar a atenção de alguém (o pobre do bichano nem reclamava, ficava quietinho, parecendo ser cúmplice daquela forma de protesto).
Como somente repreender com a "cara torcida" já não adiantava mais, fez-se necessário adicionar algumas palavras de maneira mais enérgica para que a bronca surtisse efeito:
- "Não, não pode!"
Claro que o oposto também era tratado com alegria e palavras de aprovação.
Ao fazer algo correto ou muito bonitinho (as crianças sempre fazem coisas bonitinhas), vinha uma palavra de incentivo, seguido de um belo sorriso dos seus pais:
- "Isso!"
E assim a vida seguia, naquele gostoso lar, enfeitado pela onipresença do nosso querido protagonista.
Coisas erradas, vinha um "não, não pode" e com as coisas certas ou legais, um "isso".
É óbvio que, com a sua inteligência, o menininho gostava do olhar aprovador e da palavrinha incentivadora dos seus papais na mesma proporção que adorava chamar a atenção da casa.
Então, unindo o útil ao agradável, em uma lógica quase dialética, se postou em frente à televisão, no momento de maior suspense do filme que os seus pais estavam assitindo, e desligou a televisão.
Os dois muito bravos, antes de qualquer ação, se surpreenderam com o pequenininho, que disse:
- "Não, não pode!"
E, imediatamente, ele liga a TV e arremata, deixando os seus genitores ainda mais perplexos:
- "Isso..."
Já pensou se a moda pega!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Jogatina

Tem gente que não gosta de perder nem no par ou ímpar.
Outros nascem para o jogo (ou para jogar).
O meu avô era um deles.
Desde pequeno ficava apreciando as corridas hípicas bem comuns no interior do estado, onde grandes fazendeiros montavam poderosas equipes para não fazer feio nas competições, principalmente por correr muito dinheiro nelas (de apostas, é claro).
Já mocinho, viu muitas rinhas de galo e, mesmo não aprovando a crueldade delas, ia vez ou outra, somente para apostar algo.
Depois de adulto, formado em contabilidade e muito bem remunerado, sempre deixava boa parte dos seus rendimentos em alguma mesa de carteado, na loteria esportiva, em bilhetes da Federal ou no jogo do bicho.
Bastava ver alguma placa de automóvel, um número de casa ou uma combinação algébrica que lhe parecesse bonita, que ele logo jogava.
E, diga-se de passagem, até conferir o resultado, tinha a certeza que ganharia o prêmio.
Para se ter uma ideia, até na diversão da família, o jogo tinha um papel importante.
Quando ele viajava e visitava a casa de algum parente, o principal entretenimento era o baralho. Uma partidnha de buraco com as irmãs e sobrinhas (como ele circulava bem entre as mulheres, era impressionante) ou então um truco com os cunhados e sobrinhos.
E, independente do teor do jogo, ele nunca gostava de perder.
Quase sempre se aborrecia com os seus parceiros e esbravejava quando era contrariado na sua indelével lógica de jogador.
Quando ainda morava em Franca, lá pelos idos da década de 40, com os filhos ainda pequenos, também adorava visitar os parentes e amigos para um joguinho.
Era nos sábados à noite que rolava uma partidinha de víspora (ou vispa, como era conhecida lá na cidade, o jogo de tômbola ou bingo), sempre na casa do tio Jaime.
Já no final da tarde, a minha avó arrumava os filhos, dava o jantar mais cedo e por volta das seis da tarde, todos se dirigiam à casa da tia Maroca (irmã do meu avô e esposa do tio Jaime) para as costumeiras noites de sábado.
Enquanto a meninada se divertia na rua, os adultos se reuniam ao redor da pesada mesa de imbuia para as tradicionais partidas de vispa.
Todos levavam na brincadeira, menos o meu avô!
Queria sempre ganhar e não admitia jamais algum tipo de falcatrua que beneficiasse algum dos presentes.
Geralmente, começavam com sorrisos e brincadeiras e, quase sempre terminavam com o meu saudoso velho esbravejando impraupérios e saindo antes do jogo findar-se.
Era muito engraçado, pois todos sabiam do gênio forte dele e da sua "grande competitividade" e, mesmo assim gostavam de provocá-lo quando as pedras não saíam para que ele marcasse alguma sequência.
E, em muitos dias, ele se irritava tanto, que acabava com o jogo rasgando as cartelas de todos na mesa.
Apesar de parecer violento, os parentes nem ligavam e só as crianças achavam ruim ter que encerrar a brincadeira por conta do estresse de algo que deveria ser apenas diversão.
Era nessa ordem: aborrecimento, cartelas rasgadas, impraupérios e a família toda voltando para casa, com a promessa que ele nunca mais participaria de nenhuma partida, naquela casa.
Mas, como eu disse, o meu avô não conseguia ficar sem jogar, muito menos sem visitar a casa da irmã, no sábado à noite.
Então, no final de semana seguinte, acontecia sempre a mesma rotina: a minha avó arrumava os filhos, dava o jantar mais cedo e por volta das seis da tarde, todos se dirigiam à casa da tia Maroca.
Depois dos cumprimentos e de alguma conversa, o meu avô começava a ficar irriquieto, as pernas balançavam freneticamente, os dedos saltitavam uns sobre os outros, até ele não aguentar mais e sugerir aos presentes:
- "Pois é, bem que a gente podia jogar uma partidinha de vispa, né!"
E após a revolta dos parentes (que já sabiam que ele iria fazer aquela proposta), o meu tio sempre lembrava:
- "Claro que a gente podia jogar, só que você rasgou as cartelas no sábado passado, lembra!"
E ele, com a cara mais lavada do mundo:
- "Não tem importância, não! Eu comprei outras..."
E assim a vida ia seguindo, na gostosa rotina de sábado à noite...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Gringos brasileiros

Conversando dias atrás com uma amiga de Franca, pelo msn, enviesamos pelo lado das coisas da nossa infância e chegamos nas músicas que ouvíamos.
Além do caipira (como as famosas duplas sertanejas) e o brega romântico, que já crescia na época, também escutávamos muito uma música romântica cantada em inglês, que só era tocada nas rádios e vendida nos discos (os saudosos bolachões). Nunca conseguíamos assistir esses cantores pela TV ou ficar sabendo de algum show deles em nenhum lugar do Brasil ou do mundo.
Era super estranho, pois só eram escutados, jamais vistos.
Mas, mesmo assim compunham os hits que embalavam os bailinhos da nossa infância e pré-adolescência.
Tinham nomes pomposos como Tony Stevens, Mark Davis, Paul Denver, Morris Albert, Chrystian, Patrick Dimon, Dave Maclean, entre tantos outros.
Havia também grupos e bandas que se revezavam nas paradas de sucesso com outras tantas já conhecidas internacionalmente, entre elas os Pholhas, Light Reflections e as gatinhas das Harmony Cats.
Era comum acontecer o lançamento dos maiores sucessos das novelas em dois LPs, um com sucessos nacionais e o outro com os internacionais (onde apareciam boa parte desses cantores e grupos).
Com o passar do tempo o sucesso deles foi diminuindo e com o maior espaço dado à música brasileira nas rádios e TVs, desapareceram na década de 80.
Só depois de adulto, já em São Paulo é que eu fiquei sabendo que os meus antigos ídolos estrangeiros eram na realidade: brasileiros!
Uns nascidos no Rio de Janeiro, outros em São Paulo, alguns na Bahia, etc., etc., etc...
Alguns deles, inclusive, se tornaram cantores famosos na nossa língua pátria.
Por exemplo, o tal do Mark Davis era na realidade o Fábio Jr.
Isso mesmo, o Fábio Jr., aquele do “obrigaduuuu”, do “Pai”, que virou até ator em algumas novelas globais.
O Tony Stevens era o Jessé, uma das mais lindas e afinadas vozes masculinas que eu já conheci, intérprete de vários hits famosos como “Porto Solidão”, que partiu muito cedo, em um acidente automobilístico perto da cidade natal da minha mãe, Ituverava.
O tal do Chrystian fez dupla sertaneja com o seu irmão Ralf, emplacando diversos sucessos nas décadas seguintes.
E outros desapareceram da mesma forma que surgiram, envoltos em um grande mistério, onde não tivemos mais nenhuma notícia após o sucesso de hits únicos.
Na época, lançavam os seus sucessos (lindas composições, por sinal) em discos coletivos sob a marca Hits Brasil (com as bandeiras dos Estados Unidos e Brasil) ou então em compactos com apenas duas músicas (os mais novos nem sabem o que é isso).
Mas, o mais importante era que esses “falsos gingos” eram músicos competentes, geralmente a frente de bandas de bailes ou então músicos de estúdios. Por isso, emplacavam grandes sucessos.
Para se ter uma idéia do alcance dessas músicas, o mais famoso deles, Morris Albert (o carioca Maurício Alberto Kaiserman), autor de “Fellings”, emplacou o seu sucesso em mais de 50 países e teve regravações até de Frank Sinatra e Julio Iglesias. Depois de se tornar um dos hits mais tocados em todos os tempos, amargou um processo de plágio na corte americana e teve que pagar mais de 3 milhões de dólares para um compositor francês.
Tinham histórias interessantíssimas como a do brazuca Terry Winter (quem poderia desconfiar que ele era brasileiro), que revelou a sua verdadeira identidade no programa do Sílvio Santos (um dos mais assistidos da época). Um dos seus maiores sucessos foi “Summer Day” (linda, linda). Outro foi “Our Love Dream”. Nessa sua revelação disse que mudaria de nome para Thomas Williams (o que nunca fez). Na realidade, deixou de cantar, mas continuou a compor com o pseudônimo de Chico Valente (esse sim, bem brasileiro), se engajando no estilo sertanejo. Junto com o parceiro Nil Bernardes (ou Neil Bernard, com quem compôs “Summer Holiday”), fez um dos maiores sucessos da década de 90, a música “Rei do Gado” (sim, aquela mesma da novela).
O mais interessante disso tudo é que muitos desses artistas não entendiam patavinas de inglês!
Isso mesmo!
Não sabiam falar quase nada do idioma que cantavam.
Por isso, evitavam aparecer em programas de TV e, principalmente, fazer shows ao vivo.
Deveria ser frustrante, pois vendiam milhões de discos e não podiam capitalizar mais com apresentações nas diversas cidades do nosso país, pois seriam facilmente “desmascarados”.
Então, como conseguiam compor?
Pesquisei na internet e retirei essa notícia de uma antiga edição da Revista Veja (edição de 1999, época de relançamento de alguns hits, no Cd Hits Again, da Som Livre).
Veja só:
“(...)Em geral, os artistas aprendiam a pronunciar palavra por palavra das letras em sessões de gravação que duravam até quinze horas. "As letras eram compostas por quem não sabia nada de inglês e corrigidas por quem tinha alguma noção", diz Hélio Costa Manso, ou melhor, Steve MacLean, que fez sucesso numa carreira-solo e como integrante do conjunto Sunday. Os Pholhas tinham um método original de compor. Eles tiravam os versos de suas canções de um livro dos anos 30 chamado Inglês Como Se Fala. "A gente achava uma frase legal, copiava e depois tentava emendar com outras do mesmo livro", confessa Oswaldo Malagutti, ex-baixista do grupo.(...)”
Vale a pena conferir.
Entrem no You tube e procurem alguns desses sucessos.
Eu separei alguns deles, de acordo com a minha memória e preferência.
Segue a lista com as dicas...
- TERRY WINTER – “Summer Holiday” e “Our Love Dream”
- PAUL DENVER – “Rain and Memories’ (com o indefectível refrão “I confuse the rain with memories”)
- EDWARD CLIFF – “Nights of September” (essa merece uma atenção especial, pois parecia um indiano cantando em inglês). O verdadeiro nome desse cantor, que tem deficiência visual, é Jean Carlos e vocês ainda podem vê-lo interpretando músicas religiosas no canal “Século XXI”.
- TONY STEVENS (o Jessé) – “If Could Remenber”
- MARK DAVIS (o atual Fábio Jr.) – “Don’t Let Me Cry”
- CHRYSTIAN (sim, o sertanejo da ex-dupla com o Ralf) – “Please Don’t Say Good Bye”
- MORRIS ALBERT – “Fellings”
- SUNDAY – “I’m Gonna Get Married” (fantástica)
- PETE DUNAWAY – “You’re The Reason”
- GLENN MICHAEL – “Just Imagine”
- JULIAN – “Angel”
- o grupo LIGHT REFLECTIONS – “Tell Me Once Again” (aquela que virou versão do Ney Matogrosso: “Telma Eu Não Sou Gay”)
- DAVE MACLEAN – “We Said Goodbye” e “Me And You”
- o ainda ativo grupo PHOLHAS – “She Made Me Cry” e “My Mistake”
- PATRICK DIMON (que eu encontrei morando no Ceará, em Fortaleza) – “Pigeon Without a Dove”.
Confiram essas preciosidades. Com certeza, vocês vão gostar de muitas delas ou então achar que, de fato, eram americanas ou inglesas de verdade (menos aqueles que dominam muito bem o idioma do Shakespeare, é claro).