quarta-feira, 21 de julho de 2010

Meliantes animais

Não faz muito tempo que eu estive em Foz do Iguaçu.
Adoro aquela região, principalmente o Parque das Cataratas, tanto do lado brasileiro quanto do argentino.
Trago sempre boas lembranças de lá.
Mas, a que mais me marcou, aconteceu em uma viagem no começo dos anos dois mil, que fiz acompanhado de um amigo professor.
Tínhamos decidido visitar a Garganta do Diabo, em um dia muito chuvoso, com poucas pessoas no parque.
Fizemos o embarque no ônibus que leva até as escadas que dão acesso até as quedas d'água, tiramos algumas fotos e começamos a descê-las para chegarmos à pequena trilha que nos levaria ao nosso objetivo.
Percebemos que muitos quatis foram se aproximando.
Pareciam bichinhos dóceis, mas não ousamos na nossa aproximação.
Vimos também chegar um grupo de turistas japonesas da terceira idade, com a sua guia falante e as suas inúmeras máquinas fotográficas, que não deixavam escapar nada de suas lentes.
Enquanto o meu amigo se distanciou na trilha, eu parei e fiquei observando aqueles dois grupos bem exóticos, interagindo.
As velhinhas orientais sorridentes, maravilhadas com a aproximação dos pequenos mamíferos, que faziam questão de se mostrarem sociáveis.
Até que uma delas, aparentando mais de oitenta anos e segurando uma sacola de plástico, dessas de supermercado, ficou sozinha em um cantinho, entretida com pelo menos cinco bichinhos que ficaram sobre as patinhas traseiras bem na sua frente.
Eu não entendo nada de japonês, mas pela sua expressão, ela deve ter dito algo como "que bichinhos lindinhos, guti, guti, guti...".
Antes de qualquer possibilidade de aviso, um sexto quati, veio por trás da senil mulher e pulou na sua sacolinha plástica, rasgando-a por inteiro.
A velhinha soltou um grito de horror e, todos nós, vimos estarrecidos um bando de quatis meliantes que avançaram sobre os despojos daquela ação e correram para a mata com saquinhos de batatas chips, barras de chocolates e outros alimentos.
Até então, eu só tinha ouvido falar de ação parecida, nos arrastões das praias da Zona Sul do Rio de Janeiro.
Tanto é, que todas as outras vezes que eu retornei para lá, fui sem o relógio, carteira ou celular. Não quis me arriscar...

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