sábado, 3 de abril de 2010

Eterna gravidez

Ser mãe é um sonho possível para muitas mulheres.
Mas, para outras, é um caminho que deve ser trilhado com muita fé e persistência, pois encontram muitas dificuldades para engravidar.
No colégio onde trabalho, havia uma dessas senhoras que, pelo excesso de peso e avantajar dos anos, ainda não havia conseguido concretizar esse sonho.
E era de conhecimento de todos nós, que a lei do "crescei-vos e multiplicai-vos" estava no topo da lista das suas necessidades.
Inclusive, a sua situação nos comovia muito, principalmente porque deixava a sua auto-estima lá no chão de ardósia, das salas de aula da nossa escola.
Comovidos, sempre que podíamos, a deixávamos mais leve (apesar dos seus mais de cento e vinte quilos), com brincadeiras delicadas e elogios ao seu bom aproveitamento como professora (o que era mentira, já que os alunos não gostavam muito da sua metodologia, não).
Até que, no final do ano letivo, após uma notada ausência dela, recebemos a agradável notícia que ela estava grávida.
Ficamos felizes, de verdade, principalmente por saber que ela merecia tamanha alegria.
O ano virou, meses se passaram e, mesmo sem perceber muita diferença no seu corpo, vibramos pela segunda vez quando ela nos contou que seria mamãe de uma linda menininha, que receberia o nome de Vitória (nem precisa explicar o porquê).
Chegou o mês de junho e por complicações entendíveis, ela antecipou o parto e, mesmo prematura, deu a luz, de fato, a uma linda menininha.
Vieram as férias e fomos visitá-las já em casa, onde conhecemos o orgulhoso papai do lindo bebê.
Em agosto, após as nossas merecidas férias, a mais nova mamãe foi até o colégio, sozinha, já que tinha deixado o seu bebezinho bem protegido do frio seco daqueles dias, na casa da avó materna.
Me encontrou no balcão da xerox, quando me confidenciou a dificuldade de perder o peso necessário para conseguir dar uma boa qualidade de vida à sua filha.
Nisso, chega o mais distraído e simpático professor do colégio, o meu grande amigo Toninho.
Com toda a sua delicadeza, nos seus dois metros de pura desorientação, dá um beijo na professora, coloca a mão na sua barriga e pergunta, com toda a inocência do mundo:
- "E aí, professora, vai nascer quando?"

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