quarta-feira, 23 de junho de 2010

Lógica infantil

O menininho era muito inteligente.
Nos seus quase dois anos, prestava atenção em tudo e aprendia com uma facilidade incrível.
E como toda criança nessa idade, adorava ser o centro das atenções.
Nas palavras simples que já pronunciava, encantava a todos com a sua esperteza e perspicácia.
A mamãe orgulhosa vivia contando às amigas as divertidas "tiradas" do seu filhinho.
Contava também que às vezes o precisava repreender por algumas travessuras.
Mostrava o olhar de reprovação ao vê-lo abrir a porta da geladeira e jogar alguns objetos no chão, quando ele batia com a mãozinha no rosto de alguém que lhe pegasse no colo, ao dar alguma birrinha sem razão, ou então, quando ele chacolhava o gato para chamar a atenção de alguém (o pobre do bichano nem reclamava, ficava quietinho, parecendo ser cúmplice daquela forma de protesto).
Como somente repreender com a "cara torcida" já não adiantava mais, fez-se necessário adicionar algumas palavras de maneira mais enérgica para que a bronca surtisse efeito:
- "Não, não pode!"
Claro que o oposto também era tratado com alegria e palavras de aprovação.
Ao fazer algo correto ou muito bonitinho (as crianças sempre fazem coisas bonitinhas), vinha uma palavra de incentivo, seguido de um belo sorriso dos seus pais:
- "Isso!"
E assim a vida seguia, naquele gostoso lar, enfeitado pela onipresença do nosso querido protagonista.
Coisas erradas, vinha um "não, não pode" e com as coisas certas ou legais, um "isso".
É óbvio que, com a sua inteligência, o menininho gostava do olhar aprovador e da palavrinha incentivadora dos seus papais na mesma proporção que adorava chamar a atenção da casa.
Então, unindo o útil ao agradável, em uma lógica quase dialética, se postou em frente à televisão, no momento de maior suspense do filme que os seus pais estavam assitindo, e desligou a televisão.
Os dois muito bravos, antes de qualquer ação, se surpreenderam com o pequenininho, que disse:
- "Não, não pode!"
E, imediatamente, ele liga a TV e arremata, deixando os seus genitores ainda mais perplexos:
- "Isso..."
Já pensou se a moda pega!

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